"Ao tratar dos limites éticos na advocacia, é fundamental compreender que, além da ética profissional, é preciso respeitar as leis, especialmente no que se refere aos direitos autorais e à identidade de terceiros. A ética, nesse contexto, atua como um complemento essencial às normas jurídicas, funcionando como um guia para a conduta responsável do profissional.No uso da Inteligência Artificial (IA), podemos observar dois perfis distintos de advogados. O primeiro é aquele que utiliza a IA de forma indevida, muitas vezes criando conteúdos genéricos ou reproduzindo modelos prontos sem qualquer adaptação ou reflexão crítica. Esse comportamento, infelizmente, ainda é comum e pode comprometer a autenticidade e a credibilidade do profissional. O segundo perfil, por sua vez, é do advogado que se vale da IA como uma ferramenta de apoio — seja para revisar um texto, organizar ideias ou melhorar a clareza de um argumento. Nesse caso, a tecnologia é utilizada de maneira ética e responsável, servindo apenas como um suporte ao raciocínio e à criação própria do jurista.O problema surge quando a IA é empregada para desenvolver, por completo, uma peça processual ou outro documento jurídico de caráter técnico. Essa prática representa um desvio ético, pois a inteligência artificial, por mais avançada que seja, trabalha com padrões e modelos previamente estabelecidos. O resultado é a reprodução de conteúdos padronizados, que muitas vezes se assemelham aos de outros profissionais, criando um ciclo vicioso de repetição e prejudicando a originalidade da prática jurídica.Portanto, o uso da IA na advocacia deve ser pautado pela responsabilidade, pela criatividade e, acima de tudo, pela ética. Utilizá-la como ferramenta de apoio à produção intelectual é válido e benéfico. No entanto, delegar a ela a função de criar integralmente peças jurídicas compromete não apenas a qualidade do trabalho, mas também a integridade do profissional.